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Escrever é difícil e não controlamos o que foi escrito

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Algumas vezes, fazemos de tudo para fugir do artigo, tcc, dissertação

Escrever é difícil! sempre!!!
Toda vez que ouço alguém dizer que é fácil… (é ingenuidade, falsidade ou maldade)
Tive um aluno que dizia ser fácil. Ele era do Direito, portanto escrevia todos os dias suas petições, ações…
Sim, eu disse. Mas é porque o que escreve são coisas do cotidiano, coisas burocráticas, que faz sempre. Como uma lista de supermercado. É fácil. Vai na prateleira e anota o que falta.
Agora, quando temos que escrever um texto para ser lido por outro(s), alguma coisa de nós mesmo, que vamos revelar nossas qualidades boas e más, nossas facilidades e dificuldades…. Aí complica.
Quando este aluno teve que fazer seu projeto de pesquisa, sofreu, sofreu…
Eu não disse?
Na verdade, eu não disse eu não disse, mas pensei!

Quando a gente escreve, tem horas que flui, que a escrita vai se desenrolando.
É impressionante!
De uma tacada só, saem duas, três páginas… é uma maravilha.
Agora, tem dia – não é somente hora – que não sai nada. Quando muito espremido, sai uma linha, no máximo um parágrafo.
Nesses momentos, a sensação é meio de impotência, de tempo perdido. Fica matutando, tenta reunir, mas não reune. Tenta organizar, mas não organiza.
Apesar de parecer que não se produz, não é bem assim.
Ainda que nem percebamos, neste momento nossa cabeça está maquinando, girando e reunindo o que temos, mas que não temos clareza.
Essas pausas são sofridas, mas são essenciais para as paginas que, depois, vão fluir.
Nestes momentos acredito que o melhor a fazer é reler o que ficou em dúvida, ler os fichamentos que fez, passar sobre os dados que coletou…
Enfim, alguma coisa que te ligue ao Mundo da sua pesquisa, ainda que, naquele momento, o modo de produzir seja diferente, e aparentemente, infrutífero.

A GENTE ESCREVE, MAS QUEM LÊ, LÊ O QUE?

Quando dava aulas de metodologia na pós-graduação, a dinâmica que eu mais gostava de fazer (e que também aprendi com Sergio Miceli) era a seguinte:
1. Todo mundo tinha que apresentar o seu projeto de pesquisa (que nervoso!; que medo!; tornar público?, o que vão achar? tá ruim? tá bom? ai…)
2. Todo mundo tinha que ler o projeto dos outros. (Dificil. Será que vou entender?)
3. E todo mundo tinha que fazer críticas e sugestões.
Só criticar não vale! Se for criticar e não propor nada, não sugerir, nada; é melhor que fique calado!
É mais difícil ter que pensar, analisar e entrar no trabalho dos outros, pensar em soluções. E aí, complica novamente: O que os outros vão achar da minha leitura? Conseguirei contribuir com o colega?
De qualquer maneira, era muito legal!
Porque a partir de um projeto as pessoas iam falando das coisas que viam, dos problemas, como pensavam soluções, um artigo que conheciam e podiam indicar, uma pergunta que ajudava a esclarecer o tema e objeto, muitas vezes ajudavam a delimitar o tema, e questões a serem investigadas pululavam. O trabalho se tornava coletivo, muitas vezes apropriado por todos.
Adotei a prática nas minhas aulas de metodologia.
Todavia, em uma das minhas aulas um aluno – que não tinha lido com atenção o projeto do colega – começou a falar de coisas que não tinham nada a ver, que eram leitura errada, mal feita e mal compreendida. Só bobagem.
Naquele momento, o aluno que apresentava, o dono do projeto, quase que espumava de indignação.
E eu dizia: “quem está apresentando não fala nada, só ouve. No final da aula, quem sabe”.
E ele espumava: Como assim? Eu não disse isto!
Enfim! O que aprendemos com esta história?
O texto tem vida própria e quando a gente escreve ele sai da gente.
Por isto, temos que ter muito cuidado com a redação, pois não somos papagaio de pirata que vai acompanhá-lo para resolver as dúvidas de entendimento. Se você quis dizer, mas não disse; não disse!
E, aí a gente não tem controle se ele vai ser lido de forma correta ou não. Muitas vezes, como no meu exemplo, só nos resta lamentar!

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