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Ouvindo Itamar Assumpção e as Orquídeas

“… sujeito a chuvas e trovoadas
eu fico sempre entre a cruz e a espada”

dirigia num constante vai e vem os limpadores de para-brisa comendo asfalto e faixas de sinalização angustiadas

muita velocidade pouca devagar rápido manter distância atenção radares caminhões carros espelhos retrovisores velocímetro conta-giros ar-condicionado freio luzes

“Você já guardou luvas no porta-luvas?”

Para-brisas pneus câmbio motor girando

“Girei esse tempo todo
Batendo de porta em porta
À procura de um abrigo
Um apego um horizonte”

Sentado

Tenso

“… viver às vezes é morrer de tédio e de vício
também de ataque de míssil”

Movimentos em espaços árvores passando morros planos subidas descidas ultrapassagens o rádio não parava de falar

“Não parava de falar
Ah, Ah, não parava de falar
Ah, Ah, que caboclo falador”

Deslocamento do lugar descolado entre pontos de paradas desprendido preso no cinto de segurança não sinto de segurança

Nômade sedentário

Pontos de parada de angústia de sem lugar no movimento incessante

Entorpecido pelo cheirando vento fumando nuvens bebendo sede sol quente derretendo boca seca olhos vermelhos

Parou num orquidário

Escolheu uma com botão

Chegou em casa abriu floresceu

“… viver é virar de ponta cabeça o avesso
e não se fala mais nisso”

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