
Posts atrás escrevi sobre Orientadores. Agora, recolhi mais uma experiência para rechear esta jornada de muitos nós, que muitos de nós passamos. Digo jornada, pois ser orientado e fazer trabalho acadêmico pode ser muito legal e produtivo, ou pode ser uma jornada cansativa, angustiante, e muitas vezes destrutiva e humilhante.
No outro post fiz uma classificação que começava por “Orientadores que não orientam”, que “Não estão nem aí”; “Não sabem”; e os “que Realmente orientam”.
Vou escrever sobre o meu cliente, super esforçado, “Pé de Boi”. O trabalho dele chegou para mim com questionário aplicado e dados estatísticos. Todavia, tinha uma forma, conteúdo e objetivos que eu não conseguia entender. Inicialmente, pensei que o problema fosse meu, pois “era de outra área”. Entretanto, quando o questionei entendi o que queria dizer. Ou seja, ele não escreveu.
Síntese: texto não tem intenção. não tem ‘eu quis dizer’.
Sergio Miceli dizia: você tem que explicar o seu trabalho em um parágrafo. Se não conseguir em um parágrafo, não vai conseguir em 100
Síntese: quando o Resumo do trabalho é longo, é porque não tem foco.
E foi por aí que o “Pé de Boi” começou a se revelar para mim. Super esforçado, trabalhador, fazia tudo que o orientador mandava, e quase tudo que eu dizia. Todavia, o problema era estrutural e de origem: o projeto de pesquisa foi mal elaborado, sem foco, sem problemática, sem objetivo definido, que, enfim; o convertia em “Vaca Atolada”. Aí, não tem jeito. Tudo se desconcerta no desenvolvimento da pesquisa se o projeto não tiver sido bem feito. O orientador não lia e pouco conversava com ele. Até que na defesa de tese, ele não segurou a onda, e colocou o aluno na fogueira (eu já tinha visto isso antes). Ele teve um prazo para refazer, o Orientador fez críticas por atacado, desmontou o aluno, mas passou a acompanhá-lo. A tese continuou sem foco, mas, no fim, também ajudei, reli n vezes, e conseguimos dar uma forma mínima para que pudesse ser aprovado. O resumo do trabalho tinha quase duas páginas. Duas páginas?
Nesse meio tempo, conversei com ele e tentei ajudar do jeito que podia. Entre a defesa e os acertos conversamos, e ele tinha um choro estancado na sua voz, uma tonalidade de se sentir humilhando, e um ruído de será que vou conseguir, reverberando. Sofreu muito.
Resumo: Quando um trabalho começa sem objetivo, sem foco, mal orientado e com aluno largado; ele vai ser responsabilizado, e vai sofrer um bocado para chegar ao final (se chegar).
Resumo Ideal (curto e objetivo): mesmo sendo um ‘pé de boi’, a ‘vaca pode ir pro brejo’.